Saudade de mim
Eu gosto de acordar sábado de manhã de calcinha e andar despretenciosamente até a cozinha, beber minha água com limão e divagar devagar sobre a existência.
Olho pela janela de prédios. Me sinto cada vez mais desconectada da cidade, desconectada. Não consigo ser na cidade, só estar. O turbilhão não te deixa ócio pacífico no espírito pra criar, imaginar, sentir e revolucionar.
Não tenho tempo, não tenho tempo. Gastar, gastar, gastar. Lazer é gastar. Estar é gastar. Buzina, buzina, buzina. Remédio pra conseguir dormir, remédio pra conseguir acordar. Remédio pra conseguir viver.
Cidade, densidade, descidade. Me leva de volta.
Bate uma saudade do silêncio e conexão-introspecção. Bate uma saudade de (re)conhecer o que é e já existe, e não o que inventam, produzem e mercantilizam pra nos distrair. Bate uma saudade de mim. Aqui eu me realizo (na rede, no mato). Aqui.