Quartiere di Pré

Mariana Hanssen
2 min readJul 12, 2021

Librìdo caffè é um pequeno café à 5min do meu hostel em Genova, no quartiere di Pré.

Eu andava, determinada, em direção à um outro lugar que o Google maps tinha me proposto. Uma piazza simpática me despertou a curiosidade e eu encontrei o lugar mais adequado do mundo para a Mariana daquele momento: um café-livraria de bairro, com gente como a gente, barato e que faz nascer uma vontade de navegar dentro.

Comprei um livro de poesia italiana sobre o tempo e uma cerveja. Tudo deu 4 euros. Fiz minha lição de casa do curso de italiano, escrevi uma pequena carta de amor e li algumas páginas do meu livro (no momento eu leio Carla Maliandi, uma jovem argentina, mas como comprei o livro na França leio a versão francesa “Une chambre en Allemagne”, ou Um quarto na Alemanha). É sobre uma mulher que larga tudo em Buenos Aires e vai para uma Alemanha sozinha. Esse livro me encontrou num café exatamento como esse da Itália, que divide salão entre estantes de livros e atendentes sorridentes — e a história me tocou em relação aos acasos de latina que chega sozinha na Europa (não esquecendo todos os privilégios que existem no meu percurso e no dessa protagonista).

Créditos da imagem

A minha alma me disse mais uma vez como eu sonharia ter um pequeno pedaço mágico desse um dia. Na espera desse dia, compartilho o manifesto de quem acredita nessas outras versões de mundo:

Sono uno strumento di passaggio, che diffonde una voce.

La voce di tutti quelli che si sentono vinti, eppure non cedono, la voce di chi si scopre affamato di umanità, di bellezza, di creatività, ma si trova come sedato e disumanizzato dal sistema, la voce di chi ha avuto la capacità di scuoterci in passato con le sue dosate parole, reattive, che muovono me a mantener viva la memoria della loro voce. Perché ancora ci sia un orecchio attento, consapevole del suo essere determinante. Perché si riacquisti la dignità del nostro pensiero, del nostro intento, del nostro davvero libero arbitrio.

Eu sou um instrumento de passagem, espalhando uma voz.

A voz de todos aqueles que se sentem derrotados, mas não cedem, a voz daqueles que se descobrem famintos de humanidade, beleza, criatividade, mas se encontram como que sedados e desumanizados pelo sistema, a voz daqueles que tiveram a capacidade de nos sacudir no passado com suas palavras comedidas e responsivas, que me movem para manter viva a memória de sua voz. Para que ainda possa haver um ouvido atento, consciente de seu ser decisivo. Que possamos recuperar a dignidade de nosso pensamento, nossa intenção, nosso verdadeiro livre arbítrio

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